O Prof. Fagundes Duarte foi um dos homens que mais gozo me deu ouvir.
Deputado pelo Ps na Assembleia, professor nas horas vagas e sem receber um tusto, Fagundes Duarte deu-me Estudos Queirozianos (hum, com s ou com z?).
Na 1ª aula perguntou aos alunos quais as expectativas? As respostas foram variadas, uns queriam ler As Farpas, outros Os Maias, O Primo Basílio, etc, etc.
Olhou para nós e disse que não íamos ler nenhuma obra do José Maria! Todos ficaram calados, a meditar rapidamente no porquê da inscrição na cadeira.
Foi uma das melhores cadeiras que tive na faculdade. Para atestar este juízo refiro que a aula era às 6ªfeiras às 16h, e eu saía às 12h! E devo ter faltado a uma aula, quanto muito!
Estudámos os manuscritos de Eça, o pensamento por trás da construção das obras. O porquê de escrever assim e não assado, o porquê desta personagem ter esta e aquela atitude. contrastámos as diferentes versões do mesmo texto. Foi bem mais interessante que muitas oficinas de escrita criativa. E foi à borla, para mim e para o professor. O que neste caso até acho injusto. Apanhei tantos camafeus, com alguns tachos que mereciam ter um vencimento de 0 euros no final do mês.
E este homem que estava ali, por amor à camisola, ensinou-me o que é ser um professor.
Trabalho final para a cadeira? Escrever um texto de ficção, por muito básico que fosse e escrever uma teoria de construção desse texto.
Foi uma das minhas cadeiras favoritas (já o disse, não disse?) e ainda hoje tenho saudades.
Um bem haja, aqui deste blog para si, Sr. Deputado, mas antes demais, Sr. Professor
Obrigado!
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O sermão de Domingo passado, chamado "O futuro que vem do rosto de Deus",
pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).
Há 1 dia
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