Li o último romance de R. Zimler a semana passada. Tinha lido há alguns anos O Último Cabalista de Lisboa e tinha gostado muito. Trata-se de um mistério em plena Inquisição Portuguesa, um jovem judeu tenta descobrir quem traiu a sua família e matou o seu pai. A história contava-se entre a cabala, a miséria da história, a natureza humana e o mistério.
Assim, decidi ler este, aconselhado pela Maria, que já o lera e gostara bastante. É radicalmente diferente na sua concepção. Até admito que os mesmos temas estejam presentes, mas é muito mais introspectivo. Narrado na primeira pessoa, conta-nos a história de alguns dos descendentes das personagens do primeiro livro, agora em Goa. A inquisição ainda não terminou, e vai causar a destruição desta família. O narrador é Tiago Zarco, que contará a sua história desde o início, dando a conhecer a prisão do seu pai e posterior morte às mãos da inquisição, e o seu longo percurso para descobrir o traidor.
Excelente é a forma como Zimler narra a natureza humana, todos temos algo de Sherlock Holmes, todo o ser humano é inquisitivo, inquiridor. Gostamos de saber os porquês, e neste livro Tiago vai ser o nosso cicerone, mas ele está demasiado dentro da história e dos factos. Não se trata dum investigador, mas de alguém que quer cumprir a sua vingança. Vemos o desmoronar da sua realidade mais ou menos idílica e os seus esforços para, na incapacidade de a restaurar, se vingar dos responsáveis. Tiago ficará cego perante esta hipótese, transformar-se-á ao dar lugar ao ódio. Mas a pergunta fica: quantos reagiriam de modo diferente?
A ler...
Sem comentários:
Enviar um comentário