Primeiro, o relato histórico.
Temos, como todos sabemos, 2 Coreias.
Em 1968, 31 membros da Unidade Especial 124 da Coreia do Norte infiltram-se na Coreia do Sul com o propósito de matar o presidente Park Chung-hee. O assalto não resulta, e o país fica em estado de choque quando o único capturadoo vivo é interpelado em directo para a televisão, e grita que fora "para cortar a garganta do Presidente Park Chung-hee".
Perante isto, a Coreia do Sul cria algumas unidades para retaliar contra a irmã do Norte.
Em 1968, é criada a Unidade 684, união de diversos membros da escumlha da sociedade, marginais, condenados e presos no corredor da morte. Perante a promessa de ver o cadastro limpo e uma nova vida depois da missão, estes homens juntam-se a esta unidade.
A ordem para levar a cabo a missão é dada, mas retirada. Durante mais três anos estes homens continuam a treinar sem que haja alteração na rotina.
Desejoso de um novo estreitar de relações entre as duas Coreias, o Governo do Sul decreta o extermínio desta Unidade.
É disto que Silmido trata.
Da sua criação desta unidade, dos seus objectivos, e do seu fim. E dos seus integrantes.
O treino e a vida são ao melhor estilo da vida militar. O objectivo é matar o líder norte coreano. E pouco a pouco estes homens vão conhecendo o sentido de palavras como orgulho, lealdade, honra, família e virtude.
O filme é um pouco dentro da linha do Dirty Dozen, mas diferente no final.
O filme é baseado num livro lançado no final da década de 90. O episódio foi quase sempre negado pela Coreia do Sul. O filme, apelando a este episódio esquecido pelo governo chamou aos cinemas cerca de um quinto da população total! Um quinto! Como é óbvio, e ainda que se trate de uma obra baseada em factos reais, Silmido é uma obra de ficção e por isso acaba por cair em vários estereótipos.
Somos apresentados a um grupo de indivíduos, marginais e violentos que vão se transformando pouco a pouco, em heróis e que agindo por patriotismo, são traídos por aqueles que os transformaram.
Eu que vi o filme sem saber do que se tratava, achei que poderia ter menos meia hora. Para aqueles que como eu, são apanhados de surpresa por toda a intriga, o filme parece ter três finais, isto é, podia ter acabado três vezes, antes do final.
Se o primeiro defeito é a duração, o segundo será um melodramatismo recheado de clichés e que glosa todos os filmes de homens/grupos em situações extremas.
O que ainda assim, acaba por funcionar, ainda que com um ou outro excesso.
Não deixa de ser um filme a ter em conta, e uma oportunidade de ver o novo cinema Sul Coreano. É verdade que é um pouco longo, mas até tem capacidade de entreter o espectador, sem muitos bocejos.
Deixo aqui três opiniões:
Não sendo um filme coreano de «autor», está alguns furos acima de SHIRI, que também tinha por tema a divisão da península e o conflito Norte-Sul."
Manuel Cintra Ferreira (Expresso)
"SILMIDO é sobretudo um filme de denúncia política, com uma mensagem a defender, e talvez pudesse destacar mais cada uma das personagens, que saem secundarizadas neste processo (...) como filme de guerra, é competente e merece atenção. É belíssimo o trabalho de montagem, as sequências de acção durante o treino, e o final a que são conduzidas as personagens atinge honras de epopeia."
Francisco Ferreira (Expresso)
"Mesmo tendo em conta as inevitáveis simplificações factuais, liberdades dramáticas e licenças ficcionais, alguma estereotipação de personagens e a ganga de grandiloquência no clímax, SILMIDO - CÓDIGO DE HONRA é um filme de peso e de respeito"
Eurico de Barros (Diário de Notícias)
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