Há nomes e caras que me vão passando pela memória. Foram quatro anos no Parque Eduardo VII, uns anos mais preenchidos que outros.
Serviram para comprar mais livros do que se poderia esperar.
Tínhamos à venda no Stand da Sociedade Bíblica um Manual Bíblico de H.H. Halley, Manual que namorava há uns tempos. Custava 35 ou 40 €. Num dos momentos parados saí e fui passear. Dei por mim a folhear e procurar livros nos alfarrabistas. De repente, vejo um Manual Bíblico, em melhor estado do que o que tínhamos à venda por 7,5€. Comprei-o logo.
Já o disse, os livros estão caros, e a Feira, é para mim, mais um mostruário que outra coisa. tenho azedado com as traduções portuguesas, e o preço dos livros por vezes é demasiado alto. Comprando em segunda mão e/ou pela internet, em inglês ou noutra língua, mesmo na nossa, já rende.
Comprei cinco livros de Bill Bryson, em inglês por pouco mais de 15€, o preço médio de cada um deles no nosso mercado.
Mas a Feira é convívio, ri, discuti e desesperei nesses quatro anos. Havia discussões teológicas, pequenas guerras com outros stands (quantas vezes os irmãos católicos nos mandaram pessoas à procura do Evangelho Espírita ou Bíblia dos anjos?), quantas vezes sorri e aprendi a respeitar o frade capuchinho? Aquele que nos trazia farturas ou somente uma boa gargalhada? Quantas vezes eu e o André desesperámos com um tipo que atracava perto da nossa banca, nada comprava e afugentava os clientes? Até que nós o afugentámos?
Quantas vezes demorámos imenso tempo a descrever as Bíblias, as diferenças entre elas e a pessoa de tanto pensar nada levava? Fazía-nos espécie uma Bíblia cor de rosa, para nós horrível, que uma senhora namorou durante três horas, antes de dizer para o marido que era tarde e se ir embora de mãos vazias e a nós de cabeça pesada.
As crianças à procura das ofertas de dia 1 de Junho. Tem alguma coisa para nós? E um dia 1 de Junho, particularmente frio e chuvoso, e os putos debaixo das tábuas que sustentam os livros, a comer as sandes e a serem crianças.
4 anos interessantes, que não esqueço. E eu a ver se consigo dar um pulo à feira, com a esperança que a "barraca" mais cheia não seja a das farturas ou dos bifes...
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