sexta-feira, novembro 16, 2007

Rio das Flores


Cheguei ao fim do novo "tijolo" de Miguel Sousa Tavares.

E fiquei indeciso quanto à opinião pessoal.

Gostei de Equador. Diverti-me a ler, aprendi algumas coisas, reconheço em MST a capacidade de contar uma história, achei o final apropriado, mas o tipo de personagens e amores/paixões pareceram-me mais achegadas para o lado comercial, em suma, demasiado trágico, ou demasiado bacoco. Mas, gostei. Deve ser o meu lado pimba, de certeza.



E chego a este Rio das Flores. É um romance demasiado grande, na minha opinião. Há o cuidado de explicar e contextualizar tudo, mas, por vezes, poderia ter havido uns cortes aqui e acolá.

A história é centrada no Alentejo, e confesso que foi essa centralidade que me foi agarrando. As passagens sobre o zeppelin, e a vida cultural e política no Brasil dos anos 20-40 nada me disseram. Estava pouco interessado. O estado político do Brasil de então é-me desconhecido e o desinteresse grassa por estes lados. A visão do Estado Novo é interessante e alargada, mas demasiado completa, mas ainda se aceita.


Ainda assim penso que as personagens deste livro são mais portuguesas do que no livro anterior. Há uma maneira de ser português que revemos claramente neste livro, o modo de ser, de pensar (mesmo quando falamos de dicotomias), a melancolia e o desejo de partir.

Há as iguais cenas de sexo que havia em Equador, umas mais lógicas do que outras, há o amor à terra, e a descrição da vida alentejana. Pese o paradoxo o final é mais lógico, mais coerente, mas para mim menos prazeiroso, o lado trágico e "bacoco" ficou com sede de algo mais. É um final que não acaba na morte, mas no "sucesso" das escolhas.

Com menos 200 ou 300 páginas seria bem melhor que Equador, todo lido fico com a noção de escrita a metro ou ao quilo (que vai dar no mesmo).

Aconselhado aos que gostaram do primeiro, mas muito diferente desse.

1 comentário:

Rute Carla disse...

Foi o pedido de anos do meu mano.