segunda-feira, março 24, 2008

De volta

A semana de férias da Páscoa foi para isso mesmo férias.
Li O Lavante de Cardoso Pires, do qual nada mais acrescentarei ao que já foi escrito. Um pequeno mas interessante livro, de um autor de que já tinha saudades.
Voltei a ver novos episódios de Spooks, a série inglesa sobre o dia-a-dia dos espiões do MI5. Uma das minhas favoritas, a par com The West Wing. É com séries destas que vemos a diferença entre a televisão americana e a inglesa. Onde os americanos têm dólares para torrar, os ingleses apostam na história, fazendo-nos esquecer as limitações orçamentais.
Spooks tem vários pontos a favor. Por um lado, em Inglaterra não há o Star System na tv, como há nos EUA, e quando a série tem sucesso os actores são assediados para outros vôos. O que faz com que a dinâmica em termos de plot e cast seja enorme, mas com melhores resultados do que, por exemplo, 24. As personagens desaparecem (morrem, fogem, desistem) mas tudo faz sentido, sem ser necessário matá-las a rodo. As personagens são, também, a cereja em cima do bolo. Não descurando a trama e a acção, em Spooks as personagens são delineadas, descritas e desenvolvidas. A trama política e os jogos de poder também estão presentes. Nunca sabemos ( se evitarmos os sites da net) quanto tempo é que as personagens (sobre)vivem, e muitas das "fugas" das personagens tomam-nos de surpresa. Portanto, altamente recomendável.
Fiquei a saber que o nosso PM é generoso. Quem diria? Deduzo que a maioria dos portugueses teria outra qualidade em mente, mas Sócrates saiu-se com esta qualidade. Ora, é verdade que ninguém espera que o PM seja generoso, alguma coisa poderia correr mal, mesmo. Mas depois de uma reportagem numa revista semanal, em que o passado do PM é escrutinado (e vale o que vale) e lemos dos almoços e jantaradas pago pelo agora PM, e que a reportagem dá a entender como uma forma de grangear simpatias ou parolice, o generoso marcou a minha semana.
Depois de Sócrates, só a imagem do filho de Menezes, o mais novo, com casaco de cabedal, em casa podia fazer mossa. Mas não fez.
O discurso pessoal de Cavaco no site só pode levar a uma conclusão. Façam, o melhor que souberem, o vosso trabalho. Deixem a vossa vida privada para os amigos e família, ou para as revistas cor de rosa. Nada acrescentam, bem pelo contrário, à vida do habitante comum.
A filmagem através de telemóvel criou celeuma. É engraçado ver as reacções. Uns acham que a miúda devia ser expulda, os outros que é um retrato fidedigno do estado do ensino em Portugal, outros ainda arranjam tempo para "bater" naqueles que face a esta situação advogam autoridade, e rosnam contra o fascismo, sumo exemplo da autoridade por estas bandas.
O que, convenhamos, tem piada.
Em Portugal, para muitos (principalemnte idosos) a direita é sinónimo de fascismo, o que é compreensível. Foi nessa cosmovisão que cresceram e viveram parte da sua vida. Atacar a esquerda ou os seus valores é ser fascista, o que em certa medida é também compreensível.
Mas autoridade ou respeito é um valor necessário numa sala de aula, pelo menos e para o caso. As crianças são hoje educadas num ambiente demasiado permissivo e muitas das vezes sem educação, ou normas educativas. O professor é visto como um gajo que têm de aturar até certo ponto. E se em casa respondem aos pais, e batem neles, em alguns dos casos, porque não ao professor também? Há demasiadas epidemias na sociedade moderna. O telemóvel é só mais uma delas. É sinónimo de qualquer coisa. Faz-me confusão que uma criança de 8 ou 9 anos tenha de ter um telemóvel. E pelos vistos, tirar, ou pedir que não se use, um em contexto de sala de aula é o equivalente a chamar um nome feio à mãe.
Passámos do direito do professor bater ao aluno para a inevitabilidade do aluno tirar o pó ao professor. E se o professor estrebuchar muito, junta-se à receita o irmão, os pais ou a família. E é normal ou usual. Ficamos, cinicamente, atordoados pelas imagens, mas este é o raio x da nossa escola. Juntemos a isto o bullying, os roubos, as más condições da escola, os programas (muitas vezes) desadequados, a má educação, de alto a baixo em todos os estratos sociais, dos alunos, a qualidade duvidosa da capacidade de muitos professores e temos uma ideia dos porquês das escolas estarem a tornar-se campos de batalha.

1 comentário:

Anónimo disse...

Verdade, deixou de haver valores. Em casa os pais devem educar, na escola os professores devem ensinar.Mas tem de haver entre eles comunicação, que hoje em dia é inexstente.