Deixem-me dizer uma coisa. Somos manifestamente trogloditas e visuais.

A nossa língua anda pelas ruas da amargura. Poucos a tratam bem.

O português e a matemática são dados na escola de modo a não darem muito trabalho aos pequenos. Ler? Leiam o que quiserem, mas os autores clássicos e os termos mais complicados vão ficando fora das mentes dos nossos alunos. Os meninos ao saírem do 12ºano deviam saber as fases de uma discussão. Deviam saber, pelo menos em teoria, o que implica discutir. Claro que só isto não serve. Deviam ser proibidos de ver programas como o Prós e Contras, ouvir os fóruns da TSF e da Antena 1 e assistir aos debates do Parlamento.

Quem não sente, não é filho de boa gente. Mas discutir com base no riso, no achicalhar, no gritar, no fazer barulho, no chamar nomes... isso é tudo menos discussão. São aqueles deputados pagos para isso? Parecem macaquinhos amestrados, que me perdoem os macacos.

Razão tinha ontem António Barreto, na Sic, quando dizia que não conseguia votar naquelas pessoas, que aquilo lhe parecia uma associação de estudantes (e olhem que há algumas em que a coisa corre melhor).

Volto à primeira frase, ou melhor, à segunda. Manuel Pinho foi demitido ou demitiu-se, deduzo que se trate de pormenores, por um gesto feio. Mas será o gesto mais grave do que as palavras que se vão ouvindo pelo Parlamento?

Numa era em que prezamos mais as imagens e o visual ao texto e à palavra será, obviamente.

E vão-se habituando, porque o futuro parece ser mais negro, perdão, mais gestual.