Falava com alguém sobre segurança. Naquela altura incidíamos sobre a segurança nas escolas. Diziam-me que nunca tinham tido grandes problemas e que achavam que se empolava demasiado. Sorri. Acho que sim, mas nem tudo é cor-de-rosa. Passei a explicar. Lembro-me de ter ido para a escola secundária das Cavaquinhas para ir frequentar o 8º ano. Foi um choque. Foi o pior ano dos cinco que lá passei.
Diariamente era abordado por dois ou três “mânfios” para trocos, ou para lhes mostrar a carteira. Uma sondagem aos alunos no final do ano mostrava que 90 % já tinham sido assaltados e cerca de 80% eram assaltados quase diariamente. Para além dos assaltos existia uma chapada, um murro, uma certa coação. Foi um ano interessante, mas difícil. Deu para aprender. A fazer os amigos certos, a dar um selo no momento certo e à pessoa certa ou ser amigo de quem o fazia. Isso dava direito a respeito por parte dos “maus”.
Não parece a nossa sociedade, pois não? Parece um mundo à parte. E no entanto guardo boas recordações desse tempo. Lembro-me de levar uns ténis a imitar os célebres Pump da Nike. Tinha-os comprado em Espanha, e sempre achara foleiro o facto de eles serem só de imitação. Não enchiam coisa nenhuma.
Um dia, nas Cavaquinhas dois manos chegam-se ao pé de mim e dizem para me descalçar. – Hoje vais a pé para casa. Eu olhei para eles, nem valia a pena bater ( batias/bates num aparece a rua toda – eu sei porque testemunhei) ou tentar. Disse simplesmente que eram de imitação, que não enchiam e exemplifiquei. Desanimados deram-me um calduço e “bazaram”.
Há tantas histórias. Lembro-me duma reportagem na TVI, sobre uns miúdos barbaramente maltratados. Ficaram com medo de ir à escola, de voltar. A solução foi mudá-los de escola.
Acontece meus amigos. Mais do que possam imaginar. Mas os putos calam, com vergonha, com medo, com barriga a roncar, com a carteira vazia.
Lembro-me que no ano a seguir a coisa mudou. Muitos dos que davam problemas saíram da escola, foram estudar de noite. Eu passei a ter outras amizades, e alguns até eram respeitados pelos outros. Logo se és amigo dele, também és nosso. Parece uma coisa estúpida, mas é assim que a coisa funciona. Depois? Depois a coisa acabou, os grupos foram-se definindo melhor, fomo-nos tornando homens e a coisas perderam a importância que tinham. Havia outros putos para atazanar.
Falava com alguém sobre segurança…Cada caso é um caso. E não podemos generalizar através da nossa própria e única experiência!
Diariamente era abordado por dois ou três “mânfios” para trocos, ou para lhes mostrar a carteira. Uma sondagem aos alunos no final do ano mostrava que 90 % já tinham sido assaltados e cerca de 80% eram assaltados quase diariamente. Para além dos assaltos existia uma chapada, um murro, uma certa coação. Foi um ano interessante, mas difícil. Deu para aprender. A fazer os amigos certos, a dar um selo no momento certo e à pessoa certa ou ser amigo de quem o fazia. Isso dava direito a respeito por parte dos “maus”.
Não parece a nossa sociedade, pois não? Parece um mundo à parte. E no entanto guardo boas recordações desse tempo. Lembro-me de levar uns ténis a imitar os célebres Pump da Nike. Tinha-os comprado em Espanha, e sempre achara foleiro o facto de eles serem só de imitação. Não enchiam coisa nenhuma.
Um dia, nas Cavaquinhas dois manos chegam-se ao pé de mim e dizem para me descalçar. – Hoje vais a pé para casa. Eu olhei para eles, nem valia a pena bater ( batias/bates num aparece a rua toda – eu sei porque testemunhei) ou tentar. Disse simplesmente que eram de imitação, que não enchiam e exemplifiquei. Desanimados deram-me um calduço e “bazaram”.
Há tantas histórias. Lembro-me duma reportagem na TVI, sobre uns miúdos barbaramente maltratados. Ficaram com medo de ir à escola, de voltar. A solução foi mudá-los de escola.
Acontece meus amigos. Mais do que possam imaginar. Mas os putos calam, com vergonha, com medo, com barriga a roncar, com a carteira vazia.
Lembro-me que no ano a seguir a coisa mudou. Muitos dos que davam problemas saíram da escola, foram estudar de noite. Eu passei a ter outras amizades, e alguns até eram respeitados pelos outros. Logo se és amigo dele, também és nosso. Parece uma coisa estúpida, mas é assim que a coisa funciona. Depois? Depois a coisa acabou, os grupos foram-se definindo melhor, fomo-nos tornando homens e a coisas perderam a importância que tinham. Havia outros putos para atazanar.
Falava com alguém sobre segurança…Cada caso é um caso. E não podemos generalizar através da nossa própria e única experiência!
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