terça-feira, abril 05, 2005

Gosto de livrarias. De ver livros novos a cada semana, de passar horas a mexer e remexer, a encontrar pequenos e esquecidos tesouros. Por inferência gosto, também, de alfarrabistas.
Mas há uma coisa que me mete impressão. Explico com um exemplo. Uma mãe esgazeada mexe desinteressada nos livros, a filha meio perdida, meio esquecida mas totalmente fascinada (re)mexe nos livros infantis. Tira um ou dois, senta-se no chão (sem incomodar ninguém, nem fazendo barulho, nem se metendo no caminho de ninguém) e passa os olhos esbugalhados pelas imagens. A mãe, que afinal sabia onde a filha estava, vai até ela, dá-lhe dois ou três berros (Não se mexe nos livros, não se senta no chão, não....sei lá mais o quê) e leva-a infeliz por um braço.
Apeteceu-me espancar a senhora. Depois vi, um pouco embasbacado, como arrastou a pobre miúda durante uns bons 15 minutos pelos livros chatos e sem imagens dos adultos.
Não me admiraria que a pobre criança desenvolve-se uma certa aversão a livrarias. Tive pena, mas cada vez mais revejo o playback dessa situação, com poucs variações.
Deixem os miúdos mexerem nos livros, divertirem-se, descobrirem os segredos da imagem e da história.
Ainda me lembro de dizer ao meu pai (tinha 5 anos) que não precisava de saber ler, eu conseguia "ler" as histórias dos livros de BD. Para mim faziam sentido mesmo sem as ler. E não há melhor coisa que a imaginação.
Não a amputem logo desde o início, por favor!

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