"You can make a story out of a hero among dragons, but not out of a dragon among dragons. The fairy tale discusses what a sane man will do in a mad world. The sober realistic novel of to-day discusses what an essential lunatic will do in a dull world"
Chesterton no 2º capítulo do seu livro "Orthodoxy"
Tim Burton coloca o seu herói Victor num mundo louco, num mundo onde os mortos vivem bem perto e por vezes junto com os vivos. Onde os mortos ensinam alguns modos, algumas lições aos vivos. Onde uns e outros matarão as saudades que têm, num breve momento. Aliás, este é um dos momentos-chave do filme para mim, o reencontro entre mortos e vivos, entre esqueletos e montes de carne. Começamos por ver quase um cliché de todos os filmes de terror, mas este pára a meio, e mostra-nos o reencontro entre o passado e o ainda aqui.
O filme tem de tudo, a ambição desmedida, o valor estúpido e alienante do dinheiro, o poder do amor e da redenção, tudo isto embrulhado no humor negro de Burton.
Não deixa de ser irónico que um filme de animação, negro e mórbido seja o que mais interessantemente explora o sacramento do casamento, o valor do amor, o carácter amoroso da redenção.
Ainda assim achei Corpse Bride bem menos negro que O Estranho Mundo de Jack, é mais directo, menos sádico, menos alienante, mais humano, mais moralizante qual um conto de fadas.
Não é uma surpresa, mas o humor, a moral e os ideais que o filme passa indicam uma lufada de ar, senão fesco pelo menos decomposto.
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