Imperium de Robert Harris (re)conta a história de Cícero através do relato do seu escravo/secretário pessoal, Tirão.
O que me seduz na história e cultura clássica romana é a possibilidade de se contarem as mesmas histórias ou de vermos as mesmas personagens históricas de milhentas maneiras diferentes. Olhemos, por exemplo, para este Cícero e e comparemo-lo com o Cícero de Steven Saylor, ou comparemos o Catilina entre estes mesmos dois autores.
De qualquer modo, Imperium é um livro extremamente interessante, dividido em duas partes, na primeira acompanhamos a carreira de Cícero enquanto Senador e na segunda acompanhamos o Cícero Pretor.
Confesso que devorei a primeira parte, e tive mais dificuldade na segunda, penso que a trama das primeiras 160 páginas agradou-me mais.
Enfim, se na primeira parte do livro assistimos à explosão de Cícero na sociedade romana, na segunda vemo-lo a lutar pelo poder, ao mesmo tempo que tenta impedir um golpe de estado.
Imperium é, antes de mais,um livro sobre poder, sobre o poder na sociedade romana, mas também na nossa sociedade. Os jogos políticos e a hipocrisia estão bem descritos. A oportunidade política e a forma como esta é jogada, o que é verdade hoje pode ser menos oportuno amanhã.
É um exercício extremamente interessante sobre a prática do poder, e a palavra dos políticos. Conseguimos ver em Cícero a oportunidade, o engenho e a capacidade política em todo o seu esplendor.
Depois, há a tentativa, bem sucedida, de ilustrar a sociedade romana de então, mais numa perspectiva política, e não tanto sociológica, mas ainda assim ficamos com uma ideia dos valores e mentalidades do povo romano.
Um livro a ler e reler, e a interpretar. Uma boa opção para este novo ano.
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