Ontem discutimos livros numa aula.
Depois de lerem os livros, chega a altura de me dizerem porque é que gostaram ou não deles.
E eu ouço...
Não são alunos de letras, muitos não têm qualquer hábito de leitura e é sempre uma lição ver e tentar tirar as razões poruqe gostaram ou não. E quando um grupinho leu o mesmo livro a coisa torna-se mais interessante.
Foram socados pelo Primo Levi (Se isto é um homem), esqueceram-se do estilo, da deficiente construção e focaram-se nos sentimentos transmitidos e construídos a partir do livro. Concluíram que aquilo não é um homem, nem os nazis que destruíram a humanidade daqueles presos, nem os presos, vã imagem de um homem, farrapos que sobreviveram humana e psicologicamente.
Ainda tivemos tempo para o Clube Arcanum, e é engraçado ver que o que para mim é verdade para eles nem por isso.
Eu que achei o livro demasiado próximo de um argumento de cinema, para os que leram tinha demasiadas descrições. Querem e têm esperança de o ver transformado em filme, gostaram da trama, do misticismo/religiosidade adjacente. Reconheceram que aquela não é a realidade, mas foi para eles verdade durante o tempo que o leram.
Tenho pena que não haja mais discussões de livros por aí, na net, nas bibliotecas, nas escolas, sei lá mais onde.
É sempre interessante olhar o livro pelos olhos dos outros, perceber porque é que me atingiu e falhou o alvo noutros leitores.
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