O que choca no livro Noite, de Elie Wiesel, não é o relato em si, que o faz - como outros antes e depois o fizeram. Destaco os lidos por mim, Primo Levi, Art Spiegelman, Anne Frank, Corrie Ten Boom. - mas a forma como o faz.
Noite é um relato sobre a vida (?!) nos campos de concentração, o horror e a maldade humana.
Ficaram-me 2 ou 3 aspectos do livro, para além de tudo o que escrevi atrás.
Por um lado, a bestialização do homem, presente, não só, na figura dos chefes dos barracões, mas, especialmente, na figura dos soldados; masprincipalemente na descrição dos dois filhos que atacam os pais, em nome da sobrevivência, um, na realidade, o outro, em acções e pensamentos.
Fica-me a ideia do acaso, do polícia, conhecido dopai, que lhes vai bater à janela, antes da deportação, com o intuito de os esconder. Ideia que falha por segundos. A escolha, temerária, de partir com o pai, e não ficar no hospital, com medo de ser morto, e descobrir que dois dias depois, com a chegada dos exércitos aliados, quem ficara no hospital fora resgatado.
E a ideia da perda de humanização, na figura do corpo. A última frase do livro, em que o autor olha para um espelho e não se reconhece naquela figura cadavérica.
Um livro a ler. É que há umas alimárias energúmenas que afirmam que o Holocausto nunca aconteceu. Quem nos dera (à Humanidade) e quem lhes dera (aos milhões de chacinados).
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