sexta-feira, abril 13, 2007

O Tempo dos Espelhos

Isto de ler as memórias de alguém que ainda está vivo é um pouco voyerista, mas a verdade é que há uma diferença, mais do que uma a dizer a verdade, entre alguém como Júlio Machado Vaz e as biografias de actores, cantores e jogadores de futebol. Ao menos isso!

Uma das coisas que me prendeu ao livro foi o exercício profissional e pessoal que JMV faz neste O Tempo dos Espelhos. Entre as suas memórias há a análise psicanalista daquilo que escreveu, o psicanalista analisa-se a si mesmo! E este facto já é razão suficiente para se ler o livro, mas o livro mostra-nos o medo perante a morte, a questão religiosa da morte e da alma, o relacionamento entre pai e filho, primeiro entre o autor e o pai, depois entre o autor e os seus filhos, a importância da palavra e do aconchego, a forma como alguns só chegam perto dos filhos (mais perto, afinal, como fica visível no livro) através de cartas póstumas, e tanto, tanto mais.

Foi o primeiro livro de JMV que li, se outros há na ignorância este pode ser a primeira tábua da ponte.

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